Embora não possa gabar-se do sucesso de um Call of Duty, Battlefield ou Halo, a série F.E.A.R tem obtido bons resultados e conquistou alguns seguidores, caso contrário, este não seria o terceiro jogo. Possivelmente muitos ainda jogam os modos online do primeiro jogo. O que F.E.A.R tem de diferente em relação aos outros jogos do gênero, é a sua estória e atmosfera, afinal não é todos os dias que somos assombrados por uma pequena rapariga com poderes sobrenaturais. Alma, a personagem, tem sido o foco principal desde o primeiro jogo, e ao longo das expansões e sequelas, foram desvendados alguns dos mistérios em redor desta personagem assustadora.
F.E.A.R. 3 dá continuidade direta aos jogos anteriores, e é importante referir que caso não tenham jogado os dois primeiros, ou não saibam nada acerca da série, este não é provavelmente o melhor jogo para se iniciarem, porque não irão perceber absolutamente nada do que está a acontecer. Para os fãs é uma situação diferente, para eles F.E.A.R. 3 é um título essencial pois dá conclusão à estória dos antecessores.
Cronologicamente, F.E.A.R. 3 tem lugar nove meses após os acontecimentos de F.E.A.R. 2. Point Man, o protagonista do primeiro jogo e que está ao nosso controlo mais uma vez, encontra-se num edifício da Armacham Security a ser interrogado. Logo no início somos resgatados por alguém inesperado, Paxton Fettel, o vilão de F.E.A.R. O jogo desenrola-se a partir daqui, e se quiserem descobrir o resto, terão que jogar.
A campanha segue o mesmo estilo dos jogos anteriores, pelo que não surpreenderá aos que já tiverem jogado. Há uma mudança regular entre ambientes fechados, escuros e assustadores para secções repletas de inimigos para eliminar. Senti uma desilusão a longo prazo, enquanto que no princípio estava a desfrutar bastante de F.E.A.R. 3, nas partes finais a sensação já não era a mesma. As partes assustadores começam a surgir com menos frequência ao longo da campanha e não inovam muito. Ver sombras e movimentos repentinos ou a figura de Alma juntamente com alguns sons arrepiantes pode assustar algumas vezes, mas acaba por se tornar repetitivo.
As secções de ação poderiam compensar esta repetição dos momentos assustadores do jogo, porém, não o fazem e acabam por cair também um pouco no mesmo erro. A variedade dos inimigos que enfrentamos poderia ser melhor, visto que representam uma grande fatia na campanha de F.E.A.R. Já numa parte bem avançada, é-nos dada a oportunidade de pilotar um mech, que faz-nos sentir capazes de aniquilar qualquer coisa que apareça à nossa frente, e já nas partes finais, enfrentamos um boss. Estes são os momentos mais memoráveis que irão encontrar.
Pelo menos a jogabilidade está bem conseguida e dá gozo jogar. Um dos elementos cruciais é a capacidade de Point Man de ver tudo em câmara lenta durante alguns segundos. É uma habilidade potente que permite limpar vários inimigos numa questão de segundos, contudo, é preciso ter cuidado porque não somos invencíveis e depois de a gastarmos, temos que esperar que recarregue. O tempo de duração desta habilidade aumenta ao longo do jogo, graças a um sistema de progressão de níveis. Quanto maior o nível, mais poderoso fica Point Man. Novas habilidades também são desbloqueadas, como é caso de um pontapé deslizante ao estilo de Bulletstorm.
Uma das caraterísticas mencionadas quando F.E.A.R. 3 foi anunciado, foi que teria um sistema de cobertura evoluído. O sistema de cobertura é basicamente aquilo que encontram em Gears of War ou em Uncharted, a diferença é que aqui estão numa perspetiva na primeira pessoa. Não é nenhuma revolução, mas não posso queixar do seu desempenho, funciona na perfeição.
Um dos pontos fortes na campanha é possibilidade de ser jogada em modo cooperativo. Um dos jogadores controlará Point Man, enquanto que o outro controlará Fettel, e é aqui que está o incentivo para experimentar o cooperativo. Fettel tem uma jogabilidade diferente de Point Man. Com as suas mãos lança raios e com os seus poderes telepáticos estrangula inimigos no ar. Ao contrário de Point Man, Fettel não utiliza armas durante o combate e nem sequer é possível pegar nelas. Se quiserem usar armas com esta personagem terão que possui o corpo de um dos inimigos.
Há incentivos suficientes para jogar a campanha pelo menos mais que uma vez. Para além de poderem jogar em modo cooperativo e numa dificuldade mais elevada, existem desafios para completar que ajudam na subida de nível. Mas o maior incentivo são os finais diferentes com base numa escolha que fizerem no momento final do jogo.
No multijogador há que dar mérito ao Day 1 Studios por tentar fugir àquilo que estamos habituados. Em F.E.A.R. 3 não encontrarão os típicos modos Deathmatch, Team Deathmatch e Capture the Flag. Contractions é o modo mais comum, em que enfrentamos várias vagas de inimigos até não aguentarmos mais, ao estilo do modo Horde de Gears of War.
F**king Run é extremamente divertido e desafiante. Neste modo uma equipa de quatro jogadores tem que percorrer um nível eliminando todos os inimigos que encontrarem, e enquanto fazem isto, têm também que fugir da parede da morte de Alma que percorre o mesmo nível. Se algum dos jogadores for apanhado, todos perdem.
Soul Survivor e Soul King são os restantes modos presentes e ambos são semelhantes. O primeiro é mais uma vez um modo para quatro jogadores, só que um deles, assume o papel de um espírito. O seu objetivo é possuir inimigos para conseguir matar os outros jogadores. A diferença em Soul King, é que todos os jogadores são espíritos. A missão é a mesma, possuir inimigos e matar os outros jogadores.
Se pararem um pouco e prestarem atenção a todos os pormenores, irão reparar que F.E.A.R. 3 está um pouco datado a nível gráfico. Mas como estarão sempre ocupados a jogar, seja na campanha ou multijogador, não é algo muito percetível. Os seus pontos fortes são os efeitos visuais nas zonas de terror e as suas cinemáticas que tiverem o dedo de John Carpenter. Na maior parte das vezes, o jogo corre de forma fluída, mas os engasgues nas partes de gravação automática acabam por se tornar irritantes.
Embora tenha algumas falhas a nível da campanha, incluído uma ligeira perda de identidade (o elemento assustador do jogo), F.E.A.R 3 consegue ser um FPS sólido e apresenta um multijogador competente e diferente dos restantes jogos do género. Para os fãs é uma compra aconselhável, para os outros nem tanto. Seria melhor darem uma oportunidade ao primeiro ou segundo jogo, que por esta altura é possível encontrá-los bastante baratos, para ficaram familiarizados com a estória, e se gostarem, avancem para esta terceira entrada.
nota: 7/10
fonte: eurogamer
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