O anime/mangá Naruto foi um sucesso instantâneo quando apareceu nas páginas da Shonen Jump nos idos de 1999. Criado por Masashi Kishimoto, Naruto acompanha a saga de Naruto Uzumaki, ninja da Vila Oculta da Folha (Konohagamure no Sato).
Depois de muitas estripulias e milhões de mangás vendidos, a franquia chegou a uma nova fase denominada Naruto: Shippuden. A “segunda” parte da trama revelou um novo inimigo — a temível Akatsuki —, além de explorar novos temas como os Jinchuurikis e retomar ganchos do primeiro arco, como a busca por Sasuke Uchiha.
Em tempo, a fama de Naruto o levou para os video games e desde então os ninjas de Konoha somam sucessos em múltiplas plataformas nos mais variados gêneros — apesar da predileção por jogos de luta.
Entre os títulos mais famosos estão os títulos da série Naruto:Ultimate Ninja (ou Narultimate Hero) da CyberConnect e Nanco Bandai. A franquia que fez fama nas plataformas da Sony com oito jogos (cinco para o PS2 e outros três para o PSP).
Com a chegada dos consoles de sétima geração, a franquia evoluiu e em 2008 se transformou em Naruto: Ultimate Ninja Storm, trazendo a trupe de Kishimoto com exclusividade para o PlayStation 3.
Agora, Naruto Shippuuden: Ultimate Ninja Storm 2 segue a deixa do anime/mangá e retorna com grandes novidades, muito mais maduro e pela primeira vez no Xbox 360.
Se a primeira edição de Ultimate Ninja Storm já mostrou potencial, a nova empreitada da CyberConnect2 consolida as intenções da empresa agradando tanto aos fãs do anime/mangá como aos jogadores ávidos por um bom título de luta.
Aprovado
Crônica do Furacão
A comparação do jogo com o anime é inevitável. A primeira fase de Naruto foi muito boa, e conseguiu conquistar milhões de fãs ao redor do mundo, porém sua “continuação”, a fase Shippuuden é incrivelmente superior e o mesmo acontece com o jogo.
Ultimate Ninja Storm mostrou grande potencial, mas a sequência é muito melhor. A CyberConnect2 ouviu os fãs do jogo e do anime para criar um título mais refinado.
As melhorias atendem às reclamações dos jogadores e fazem com que Ultimate Ninja Storm 2 retrate o universo de Naruto com muito mais fidelidade, ao mesmo tempo em que oferece um jogo de luta mais apurado.
A trama de Ultimate Ninja Storm 2 segue os mesmos passos da saga Shippuden do anime/mangá, ou seja, imediatamente após o primeiro. Depois de dois anos e meio treinando com Jiraya, Naruto está de volta a Vila Oculta da Folha e agora tem que encarar o maior desafio da sua vida, a organização Akatsuki, enquanto busca uma forma recuperar seu amigo Sasuke.
O jogo reproduz momentos épicos da história como o resgate do Kazekage e a incrível batalha contra Pain. Vários momentos icônicos da série Shippuuden marcam presença no modo Aventura, que surpreende mesmo àqueles que já acompanharam os eventos no anime/mangá.
Apesar de pouco elaborado, o modo Aventura serve como um grande “serviço aos fãs” que poderão participar dos principais momentos da franquia. Além disso, a progressão nesta modalidade também serve para desbloquear novos personagens que poderão ser utilizados nos outros modos de jogo.
Ninjutsu
O sistema de combate é capciosamente fácil. São apenas dois botões de ataque, um de defesa e outro de pulo. Porém essa dinâmica simplista esconde um esquema engenhoso e que, apesar de facilmente aprendido, requer muitas horas para ser totalmente dominado.
As nuances do combate aparecem na hora de utilizar o chakra — a energia “mágica” dos ninjas. Conforme o chakra é acumulado, você pode utilizá-lo para modificar seus movimentos básicos.
Isso significa que você pode usar o chakra para executar um supersalto, esquiva, ataque ou até mesmo como combustível para bombas e outros ataques de longa distância. Quando você combina os golpes normais com efeitos criados a partir do uso do chakra, as lutas se tornam muito mais interessantes.
Além disso, você também pode contar com uma ajudinha dos seus amigos. Se a opção estiver habilitada, o jogador pode levar três lutadores para cada combate, um principal que será controlado por você e outros dois que ficaram de apoio.
Quando convocados, estes companheiros de equipe entram momentaneamente na ação para executar um determinado movimento especial. Cada lutador possui uma habilidade específica e são especializados em defesa, ataque ou em uma mistura equilibrada de ambas as técnicas.
Você pode utilizar seus companheiros para criar combos incríveis que atordoarão seus oponentes deixando-os expostos ao seu golpe final e no final das contas um jogo de luta com apenas um botão de ataque acaba se transformando em um sistema rico que aposta na técnica e experiência dos jogadores.
E se isso não bastasse, ainda temos as lutas contra os chefes durante o modo Aventura, que rendem alguns dos momentos mais interessantes do jogo. Todo o embate é definido por uma determinada quantidade de estrelas alcançadas pelo jogador.
As estrelas são obtidas quando você inflige certo nível de dano em seu inimigo, o que desencadeia um mini jogo (quick time event), se você pressionar os botões certos na hora certa, você ganha um número variado de estrelas.
Os gráficos são outro ponto alto do jogo. A utilização do famoso filtro cell-shade esconde a maioria dos problemas e apresentam visuais com um estilo singular, muito próximo das animações feitas para televisão.
Durante as lutas contra os chefes o jogo oferece transições belíssimas em meio à ação. Mas é nas cenas de corte que os visuais realmente se destacam, apresentado a trama com muita qualidade em vídeos impressionantes.
Qualquer deficiência técnica é superada pela captura competente do clima do anime. Dos personagens e cenários — especialmente a Konoha do modo Aventura — até os efeitos especiais próprios dos golpes mais explosivos, os visuais de Ultimate Ninja Storm 2 agradam sem fazer muito alarde.
Outro ponto positivo que ajuda na ambientação é a possibilidade de utilizar a dublagem original — em japonês, com os mesmos dubladores do anime — com legendas.
Online no Jutsu
Além do modo Aventura e dos combates multiplayer locais, Ultimate Ninja Storm 2 oferece — pela primeira vez — lutas online. Uma das grandes novidades desta edição, o multiplayer online ainda tem alguns problemas, mas é uma belíssima adição à série.
Reprovado
Lição de casa
O modo aventura é interessante, mas ainda precisa ser trabalhado. As missões e a forma como a trama é apresentada estão bem articulados, todavia, as tarefas secundárias são banais e não acrescentam nada à evolução do personagem. Seria interessante ver missões mais inteligentes e mais liberdade de exploração — algo limitadíssimo nesta edição.
Apesar de bem estruturado para uma primeira aparição, o modo online ainda pode ser aperfeiçoado. O lag é quase imperceptível, mas a dinâmica de busca por salas é “estranha”. É interessante ver a opção busca por partidas com melhor conexão ou por jogadores de nível semelhante ao seu, porém, é de se notar a falta de um botão de “busca rápida” que encaminhe diretamente o jogador para qualquer sala.
Outro problema é que se você entrar em uma sala que já está fechada, você é diretamente transportado para o menu de busca e temos que iniciar uma nova procura — o que pode demorar ainda mais e fechar outras salas que estavam disponíveis.
Serrote
Os visuais são belos e o estilo cell-shade ajuda a esconder muitas limitações técnicas, entretanto, o anti-aliasing — ou melhor, a falta dele — é algo realmente perturbador. O serrilhado é mais intenso no PlayStation 3, mas o Xbox 360 também sofre com o problema em menor escala.
Fuuinjutsus
O elenco de lutadores, com mais de 40 personagens traz os principais nomes da série, mas deixa de fora alguns grandes favoritos dos fãs — como Zabuza Momochi, Hiruzen Sarutobi e Tayuya.
Além disso, a maioria dos personagens está bloqueada e alguns só podem ser habilitados pelo modo Aventura — péssima notícia para quem queria utilizar Pain, Itachi e outros membros da Akatsuki já nas primeiras lutas.
Vale a pena?
Naruto Shippuuden: Ultimate Ninja Storm 2 é obviamente voltado para os fãs do anime/mangá, no entanto, ainda é capaz de entreter aqueles totalmente alheios à mitologia criada por Masashi Kishimoto.
O sistema de combate é simples, mas difícil de ser dominado, enquanto que os gráficos são belos, apesar das limitações. O material original é muito bem representado e deve agradar em cheio a todos os fãs da série.
No final das contas, o título consegue agradar sem fazer muito alarde.
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