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O tempo passa e a tecnologia não para de mudar e evoluir... Mas certos conceitos permanecem os mesmos. Para muitos especialistas em jogos eletrônicos, a versatilidade dos computadores é uma característica diferencial e expressiva em comparação com as “máquinas prontas” tão conhecidas como consoles.

No entanto, melhorar um PC custa dinheiro (se o objetivo é ter acesso aos títulos mais novos), enquanto os consoles de mesa não precisam ser atualizados no que diz respeito a hardware. Recursos financeiros realmente fazem a diferença para boa parte dos fãs de jogos.

Ainda bem que o mercado está bem dividido nesse aspecto e consegue satisfazer os jogadores com produtos diversificados tanto em gênero quanto em plataformas-alvo. É bem comum conferir desenvolvedoras que optam por propiciar experiências para usuários do PC, do PlayStation 3 e do Xbox 360. Outras, entretanto, resolvem abordar apenas um ou mais consoles... Ou o computador.


Dito isso, fica a dúvida: o futuro dos jogos está nos computadores ou nos consoles? Será que o PC será mantido como uma fonte independente de entretenimento ou será integrado a consoles e a outros equipamentos em prol da diversão dos gamers? As “restrições” dos consoles perecerão para a qualidade técnica das peças de computadores mais modernas?
É impossível prever o futuro, porém quem entende do assunto é capaz de tecer comentários bem interessantes sobre as expectativas da indústria dos games. A seguir, saiba o que disseram os célebres desenvolvedores Ken Levine e Cevat Yerli sobre o destino do que muitos chamam de “PC Gaming”.

O amanhã?
 “Compre um PC e descubra”

 Para quem não sabe, Ken Levine é o cofundador, presidente e diretor de criação da Irrational Games. O desenvolvedor liderou a criação do FPS BioShock e brilhou em 2007 com duas homenagens de peso: 2007 Person of the Year (1UP Network) e Number One Game Developer (Next-Gen.Biz). Assim, quando Levine fez alguns relatos impactantes ao pessoal do site Kotaku durante a PC Gaming Week, várias pessoas ficaram embasbacadas com as palavras do diretor:
“‘Depois de um longo dia na frente de um PC, a última coisa que eu quero fazer é chegar em casa e sentar na frente de um PC.’ Isso é algo que escuto sempre de desenvolvedores de jogos, mas não é algo que você ouvirá de mim. Quando eu chego em casa, eu e minha mulher temos uma rotina. Nós jantamos juntos e depois eu vou para cima. Para meu PC.”
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Levine disse que é comum ele experimentar games no PC — Civilization V, versão Beta de World of Warcraft: Cataclysm, Minecraft, Torchlight... — antes de brincar um pouco com o PlayStation 3 ou com o Xbox 360... Mas depois de acessar o email, o Twitter, a loja do serviço Steam e vários sites da web, é claro. Logo antes de dormir, o presidente da Irrational Games lê algo no iPad até adormecer ou cai no sono jogando Sword & Poker ou 100 Rogues.

Mas, quando chega a hora de decidir como um gamer, ele prefere um PC:

“Eu gosto dos tipos de games que você pode jogar no computador. Eu acho interessante que os designers saibam que eles têm a atenção completa do jogador, portanto eles se sentem confortáveis esperando sua atenção completa. Eu gosto da parte ergonômica, do mouse e do teclado, da transição sem esforços dos games para navegadores e digitação. Eu sou um tipo de pessoa ‘alt+tab’.”

Levine não arrisca falar que o futuro do PC está em jogos sociais, MMOs ou produtos gratuitos:

“Eu não sei. Mas sei o seguinte: o PC sempre será o lugar que conduz a inovação. O PC é um local no qual grandes desenvolvedores de jogos nasceram, e também — e talvez especialmente — o lugar no qual grandes desenvolvedores de games para consoles nasceram. Halo, Mass Effect, Call of Duty... Desenvolvedores para PC em primeiro lugar. E é no PC que as principais ideias são formadas, principalmente porque a barreira de entrada é baixa.”

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De fato, não precisar da aprovação de algum fabricante de video games para colocar as ideias em prática é uma das vantagens do desenvolvimento voltado a computadores. Sem grandes obstáculos empresariais.

“Algumas vezes é um desastre. Na verdade, geralmente é assim. A maior parte das ideias é terrível. 
Mas algumas vezes é Steam. E outras vezes é a criação de modificações (modding). E algumas vezes é Minecraft. E então todos nós, jogadores e desenvolvedores, cumprimentamos o universo e pensamos no quão sortudos somos.”

Afinal de contas, qual o futuro dos PCs?

“Eu não sei. Mas nisto você pode apostar: se você quer saber o futuro dos jogos, compre um PC. E preste atenção. Porque, acima de tudo, aquela coisa na sua mesa é uma bola de cristal.”

Opa, espere um pouco...

Cevat Yerli, líder da famosa Crytek Studios, disse à revista EDGE em novembro do ano passado que o foco dos desenvolvedores nos consoles PlayStation 3 e Xbox 360 está diminuindo a qualidade dos jogos para PC. Segundo Yerli, o computador é uma plataforma que já está “uma geração à frente” dos consoles modernos.

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Vale lembrar que o primeiro Crysis foi criado apenas para os usuários da dupla teclado e mouse, mas o segundo título da série está sendo feito também para os consoles da Microsoft e da Sony. O presidente e CEO da Crytek confessa que a “expressividade de criação” da desenvolvedora e de outros estúdios está sendo limitada pela prevalência dos consoles atuais.

“Enquanto a atual geração de consoles existir e enquanto nós continuarmos melhorando o PC, ficará cada vez mais difícil realmente ter o benefício de ambos. O PC está facilmente uma geração à frente no momento. Com o X360 e com o PS3, nós acreditamos que a qualidade dos games posteriores a Crysis 2 e outros desenvolvimentos CryEngine serão bastante limitados ao que são as expressividades criativas deles, ao que o é o conteúdo. Você não conseguirá mais ‘tirar água dessas pedras’.”

Ainda assim, Yerli afirmou que a culpa do fato de jogos multiplataforma não estarem atingindo seu potencial técnico no PC não é inteiramente dos consoles.

“De forma geral, eu acho que essa ‘culpa’ é ainda a mentalidade dos desenvolvedores. Muitos, hoje em dia, não consideram mais o PC como um grande problema; as expectativas de vendas estão perto daquilo que ocorre em relação às versões para consoles. Até que o mercado para PC gere lucros comparáveis, as companhias não gastarão o suficiente em uma unidade — SKU — para PC de um jogo.”


É curioso constatar que, em relatos ao site Kotaku, Yerli disse que as grandes desenvolvedoras cada vez mais focarão a comunidade enquanto disponibilizam produtos gratuitos, virando as costas para o varejo. E como ganhar dinheiro? Simples: atraindo o maior número possível de jogadores, levando em consideração que 5% a 10% dos usuários online do PC adquirem conteúdos “especiais” (pagos) via microtransações em games Free-to-Play.
A força dos computadores 
Ainda um pilar dos video games 

Por mais que surjam cada vez mais funcionalidades voltadas a filmes, imagens e outros tipos de conteúdo digital, os consoles ainda são máquinas criadas com foco em jogos eletrônicos. No entanto, o PC nunca deixou de ser uma forte e flexível alternativa de entretenimento para quem é fã de video games.
Nick Cowen, do The Telegraph, diz que é “perdoável” o fato das pessoas estarem encarando os consoles como a única opção para gamers. Contrastando com isso, a experiência nos computadores está presenciando uma “minirrenascença” no momento.
“O PC possui uma vasta e diversificada biblioteca de jogos para rivalizar os títulos para consoles, está mais em conta do que nunca e está a par de várias marcas que apostam no futuro dos games. A qualidade mais expressiva do PC como uma máquina de jogos é que ele é uma plataforma completamente aberta. Isso significa que, quanto mais você investir no seu PC, mais você se beneficiará com ele.”

É óbvio que a realidade brasileira — no que se refere a adquirir hardware — é bem diferente do cenário internacional, mas não é inteiramente errado afirmar que antes era muito mais caro obter uma máquina com bom potencial para jogos. A placa de vídeo continua pesando no orçamento de um PC? Com certeza, mas hoje os preços pesam menos no bolso dos usuários.
Fabricantes como Dell ou AlienWare ainda dificultam um pouco a vida de quem gostaria obter um computador deslumbrante (fisicamente e virtualmente) por um valor aceitável, mas isso depende da escolha do jogador. Além disso, títulos para PC geralmente são um pouco mais baratos em comparação com as unidades para consoles. E os usuários dos computadores ainda podem aproveitar os benefícios de serviços atraentes como o Steam, não é mesmo?
Cowen aborda rapidamente o seguinte tema: o PC é o “lar natural” de gêneros como estratégia e simuladores esportivos de gerenciamento.
“Experimentar StarCraft II ou Football Manager 2011 sem o benefício de um teclado e de um mouse seria, no mínimo, incomodativo.”
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Os periféricos também pendem ligeiramente para o lado dos computadores. Logitech, Microsoft, Razer e outras empresas fazem questão de caprichar para deixar a experiência de muitos gamers bastante prazerosa, desde belos designs dos equipamentos até controles precisos e programáveis.

Para muitos, modificar jogos para PC é mais fácil que “brincar” com modificações de títulos para consoles. Não há como negar que há mods incrivelmente elaborados, capazes de mudar ambientes, comandos e até mesmo a jogabilidade básica de um game para computador.

Por fim, o poder de processamento — gráficos e sons — é um diferencial e tanto. O NVIDIA GeForce 3D Vision Kit é um sinal de que o PC está pronto para o futuro tridimensional dos jogos. Cowen é incisivo em seus argumentos e afirma que a qualidade visualizada em uma tela por um PC de topo de linha não pode ser equiparada pelos consoles.