Pondo fim a um largo período de rumores e especulação que davam conta de uma nova consola da Nintendo para substituir a Wii, a Nintendo finalmente entrou em cena e abordou o assunto, ao mesmo tempo que colocou um ponto final e dissipou as dúvidas sobre a validade desses rumores. Numa conferencia que decorreu no dia 25 em Osaka, destinada aos investidores, a empresa de Quioto confirmou que em 2012 chegará ao mercado a sucessora da Nintendo Wii. Porém, não revelou detalhes e especificações sobre a consola, e mais importante, quais as funcionalidades que irá dar primazia, no fundo, o móbil que na última década ficou bem patente através da Wii e das portáteis DS e que lhes garantiu margem de progressão no mercado.
A Nintendo optou assim por relegar mais informações para a pretérita E3 – a decorrer em Junho próximo, entre os dias 7 a 10. Nessa altura a companhia irá então mostrar a consola a todos os participantes no evento, como também a colocará disponível para ser experimentada, o que significa que este não é um projeto que vingou de um dia para o outro. Todavia, não merece dúvidas este poder de antecipação da Nintendo; esta capacidade para dirigir novos projetos anos antes mesmo de surgirem os primeiros rumores.
Na verdade, este poder de antecipação da Nintendo não só faz valer a vitalidade da marca – novamente disposta a surpreender para lá da sua audiência fiel – como também deixa as concorrentes Sony e Microsoft num estado de incerteza e um pouco desprevenidas sobre qual a estratégia a definir para a próxima E3. Convém sublinhar que a E3 define muito sobre aquilo que cada marca irá ter em conta até meados do ano seguinte. Presume-se que nesta altura cada companhia terá a sua estratégia alinhavada e, apesar deste anúncio da Nintendo, de uma nova máquina para 2012, dificilmente se modificará muito mais por força deste anúncio a quase dois meses do começo da feira. Não só porque o anuncio de um novo produto envolve bastante tempo de pesquisa e apoio das editoras (embora aqui a Nintendo tenha imensos estúdios a desenvolver em laboratório, pelo que pode trabalhar em circuito fechado com mais facilidade), como parece existir um acordo tácito entre a Sony e Microsoft para prolongar o mais possível a atual geração de consolas, pois é sabido que ainda demora até uma nova geração de consolas proporcionar lucros às marcas e editoras, que, na prática, passam a trabalhar com ferramentas mais dispendiosas. Este prolongar da atual geração permite dados mais satisfatórios para todos os envolvidos.
Iwata deverá subir ao palco na E3 para mostrar a nova consola. Ele já a tem.
Contudo, a estratégia da Nintendo é diversa das concorrentes Sony e Microsoft, embora isso não seja recente. Já vem desde a entrada em cena da Wii. E não é menos espantoso, como um sistema que é pouco mais evoluído do que uma GameCube (da geração anterior), sem alta definição e com limitada vocação online conseguiu vencer cabalmente as consolas adversárias, tendo superado a marca dos 86 milhões de sistemas vendidos.
Enquanto que Sony e Microsoft prosseguem na demanda da evolução tecnológica, apresentando sistemas que mais se assemelham a poderosos computadores, sustentados em plataformas virtuais e de ligação à rede, a Nintendo demarca-se desse prisma de evolução e centra as atenções num conjunto de características que modelam a experiência de jogo e que, em primeira instância, surpreendam.
Com a Nintendo Wii, a gigante de Quioto encontrou no comando por movimentos a solução (que ainda nenhuma outra empresa tinha aplicado a tal escala) para uma geração que proporcionou a melhor receita, elemento que acabou por ser reproduzido (ainda que em moldes diferenciados) pela Microsoft através do Kinect e pela Sony via Move.
86 milhões de consolas vendidas é um número deveras impressionante para um sistema "acanhado" em especificações, por comparação com as restantes propostas de mercado, mas altamente inovador na experiência de jogo, facto que lhe valeu primazia perante os restantes sistema à medida que seduzia novo público.
Ao anunciar uma nova consola para 2012, a Nintendo não avançou, por enquanto, com especificações, mas deixou alguns dados curiosos, merecedores de atenção sobre o caminho a trilhar nos próximos anos. Primeiro, Iwata sublinhou que com a nova consola, "a Nintendo irá oferecer algo de novo para os sistemas de jogos domésticos", o que significa que a posição da Nintendo não terá desvios no percurso de evolução dos sistemas domésticos. A surpresa virá, novamente, do lado da experiência de jogo e não será o aumento de especificações técnicas o elemento que abarca todo o avanço. Não lhes interessa tanto competir pelo "grafismo" ainda que seja mais agradável à vista ter um sistema que liberta um registo gráfico entusiasmante.
Depois e de acordo com algumas fontes informadas, o novo sistema de entretenimento da Nintendo deverá ter mais capacidade de processamento do que as atuais Xbox e PS3, compatibilizando-se com a atual alta definição, superando assim a já reduzida margem de manobra que restava à Nintendo Wii para chamar a atenção do público através do poder da imagem. O próprio Iwata admitiu que "estava difícil para os produtores surpreender com a Nintendo Wii".
Desta forma a Nintendo volta a desafiar a concorrência, mas sem sair do seu percurso e novamente ao arrepio de uma visão que pretende seduzir pela diferença e surpresa. Ao mesmo tempo, espera-se que parte da experiência de jogo deverá ser proporcionada pelo novo comando, possivelmente compatível com ecrã táctil, recorrendo aos botões tradicionais e d-pad.
Presumível nome de código - Cafe.
Baptizada de Project Café – o nome de código da nova plataforma –, ainda não se sabe qual o ponto que marcará realmente a diferença na experiência de jogo e que deverá servir de trampolim para ganhar o interesse de produtores e jogadores, sendo que aqueles terão acesso a ferramentas de trabalho mais evoluídas e talvez mais próximas da fonte de trabalho para a próxima geração de sistemas. De todo o modo, o anuncio da Nintendo na próxima E3 passará por bem mais do que um comando dotado de um ecrã táctil. Haverá uma componente social a desenvolver para lá de outras soluções que deverão servir de atractivo no sistema.
Tendo já anunciado o lançamento do sistema para o próximo ano fiscal (a partir de 31 de Março de 2012), a Nintendo prepara-se para ser a primeira das três concorrentes a entrar em cena na denominada próxima geração de plataformas, mesmo se não é adequado inscrever a Nintendo no mesmo percurso trilhado pelas outras plataformas. Perspectiva-se assim uma E3 escaldante, especialmente quando se revelar o que irá proporcionar como novidade a sucessora da Wii. Ao mesmo tempo a Nintendo lança-se para um novo desafio a acrescer ao factor surpresa; superar o legado fantástico da Wii, que entra a partir de agora numa espécie de pré-reforma, a perder algum gás mas com o ponteiro encostado à marca dos 86 milhões, e quando ainda falta receber pelo menos um Zelda. Contudo, vencer os próprios desafios e voltar a superar-se será mais importante para a Nintendo do que seguir e alinhar pela concorrência.
Melhores acordes para começar a tocar
Há 5 meses
Muito legal !
Tomara que seja melhor que o PS3 e Xbox 360 !